CaféNaCaneca

domingo, fevereiro 08, 2009

Prelúdio



Sonho que se sonha só

É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto

é realida ... de


(Raul Seixas)



Inicialmente a pergunta considerada ideal era: Dever ou poder? O que deveria ser feito ou o que poderia ser meramente “testado”.

É duvidoso fazer o que você denomina ser o mais correto ou aparentemente melhor, racional, mas toma uma atitude originada de todos os seus desejos, dúvidas, medos e até anseios, tornando ainda mais excitante o resultado. Talvez pelo fato de ser você, de estar agindo conforme suas necessidades, sendo a melhor forma de transparecer, ser e aprender. Não poderia existir o medo, pois ele elimina qualquer tentativa, risco e até mesmo sua felicidade por mais instantânea que fosse.

Por outro lado, ponderar é preciso, respeitar é obrigação. Saber até onde ir seria o ponto chave na questão.

Enquanto Chico vivia sua vida boemia, de bares em bares compunha sucessos de uma nova era, deixando para trás a Bossa... Eu fazia apenas uma caixa, dessas para se guardar as lembranças... E foi quando percebi que tinha o tal do medo, que nunca imaginara ter.

As lembranças seriam nossa maior fonte de vida. Onde a partir de recordações ficaria possível resgatar os melhores momentos, cenas, frases, relembrando até mesmo nossa verdadeira essência, que provavelmente tenha sido perdida ao longo de tantos acontecimentos, amadurecimento e tantas ressacas.

E se eu, com 16 anos posso dizer isso, quem dirá você, ou até mesmo Clarice Lispector ao passar sua vida escrevendo seus preciosos sentimentos traduzidos em palavras, ou até mesmo John Lennon e sua amada Yoko.

Onde entra o medo? Pois bem, o medo é de transformar algo que poderia continuar sendo real e fazer parte do seu momento, mas em vez disso vira mais uma lembrança para se guardar dentro daquela caixa...

Apesar das lembranças serem a base de cada um, o alicerce que sustenta e a cada dia fica mais forte. Mas existe também o verde, que não está amadurecido o suficiente, ou muito menos apodrecido a ponte de ser “esquecido”, superado ou ignorado.

Hoje tenho como prioridade ser, falar, respirar e transbordar todas as minhas emoções. Meus pensamentos são reflexos do que vivi e vivo, das pessoas que fazem parte da minha vida, dos protagonistas a figurantes.

A pergunta inicial era: dever ou poder? A resposta seria resumida em uma só palavra: querer.
Chego a conclusão que nada pode ser maior do que a beleza de seus pensamentos e o tamanho dos seus sentimentos. Querer não é poder, mas sim lutar, até cansar... E então entender, descobrindo onde encaixar o respeito que não se enxergava e então: respeitar. Não só o espaço que você poderia estar invadindo, mas principalmente a si mesmo, ignorando a probabilidade de talvez vir a apodrecer todo o sentimento que foi indiretamente fundado naquela história, deixando–o apenas amadurecer, num processo longo, o que eu chamaria de eterna lembrança.



(setembro,08)